Não fora um simples encontro.
Encontrara-o num dia especial. Aos olhos dela, as palavras eram como um pássaro com vontade de voar. Ele retribui-lhe o sorriso mas não o de sempre. Pudera. Um pouco diferente, olhar incerto, palavra firme. Ela falou-lhe, de um falar tímido como se fora a primeira vez que o via, como se nunca tivessem tido coisa alguma, num passado tanto dele como dela. Apostava que ele pensava o mesmo que ela, e no entanto nem uma palavra sobre o assunto. Parecera-lhe que tinha já o assunto encerrado, fechado numa gaveta de madeira poeirenta, daquelas que se guardam as roupas que já não servem, onde todas as cartas que lhe escrevera começavam a ter uma cor amarelada de velhice. E no entanto, apenas uns meses tinham passado. Para ela uma eternidade, ou talvez não. Já estava habituada a estas coisas de esperar. Paciência era uma palavra abundante no seu coração. Feliz por o ver, embora com a certeza que o sentimento não era recíproco... ou pelo menos não tão recíproco. Talvez tenha sido o passado inútil como um trapo ou talvez não, haviam aprendido imensa coisa... Quem sabe um dia... ou talvez não. Porta cerrada, uma vontade de entrar... Mas não.
"Acredito que a verdade reside muito mais vezes no silêncio do que nas palavras, por mais belas e justas que sejam..."
domingo, 14 de fevereiro de 2010
sábado, 13 de fevereiro de 2010
E quando a inspiração não vem, e já vai longe o dia da última publicação, recorro a poemas feitos, palavras (in)certas, de poetas que mudam toda uma vida.
É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!
Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo
Fernando Pessoa
É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!
Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo
Fernando Pessoa
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