segunda-feira, 26 de abril de 2010

'Os finais são horríveis..."


"Os finais são horríveis. Fica o ar vazio, deixamos de ver ao longe, de repente apagam-se as luzes e a vida fecha-se aos nossos olhos. Depois do fim, vem a pergunta fatal; e agora? Dá vontade de ir à bruxa para ter uma ideia, mas resiste-se estoicamente, até porque as fadas também se enganam.
Aproveita-se o tempo para telefonar aos velhos amigos, arrumar gavetas e deitar papéis fora, limpar a memória e deixar o coração de molho, em convalescença a carregar baterias.
Mas o pior são as despedidas. É sempre horrível dizer adeus, mesmo que seja só até logo à noite.
Quando gostamos de alguém, apetece-nos ser mosca para ficar a gravitar incógnito à volta dele, ouvirmos a sua respiração, rirmos com o seu riso e penarmos com as suas dúvidas. Sentimos a vocação falhada de anjo da guarda que não está a cumprir o horário."


Margarida Rebelo Pinto in As Crónicas da Margarida

domingo, 18 de abril de 2010

Hot Line (INEM - Bombeiros de Mafamude) - Gato Fedorento



Sei que não tem muito a ver com o que costumo publicar, mas este senhor realmente é fantástico!

À minha "irmã" Inês porque juntas 'falecemos' com este homem! : D
<3



quinta-feira, 15 de abril de 2010

Amor.


"O que eu mais gosto no amor é que, quando é a sério, cabe tudo lá dentro. A paixão, o desejo, o pulsar das almas e a serenidade dos pensamentos, a vontade de construir outra vez o mundo à imagem e semelhança do que sentimos, a paz dos regressados e a poesia das folhas brancas que cada dia esperam a doçura das palavras e a certeza das ideias.
O amor é mais do que querer, desenhar, sonhar e amar. É partilhar a vida inteira, numa entrega sem limites, como mergulhar no mar sem fundo ou voar a incalculáveis altitudes. O amor é muita coisa junta, não cabe em palavras nem em beijos, porque se leva a si mesmo por caminhos que nem ele mesmo conhece, por isso quem ama se repete sem se cansar e tudo promete quase sem pensar, porque o amor, quando é a sério, sai-nos por todos os poros, até quando estamos calados ou a dormir." 

Margarida Rebelo Pinto in As Crónicas da Margarida



Desde então que nunca mais foi assim... desapareceste pelos recatados recantos das ruelas, vagabundeaste por aí como um simples sem-abrigo... O amor deixou de ser muita coisa junta, passou a ser pouco, e nada às vezes. Dantes tudo te saía pela boca como o orvalho fresco da manhã... Mas desde então evaporaste, deixaste de compreender e de querer ser compreendido... de dar cor às folhas brancas com a tua poesia que, ainda simples, me escrevias. Nunca mais coube nada aí dentro. 

Cansaste de desenhar o Futuro. E eu cansei de sonhar.







quarta-feira, 14 de abril de 2010

'e deixava a vida fluir..."


"E deixava a vida fluir, esquecia-me dos teus defeitos e tu dos meus e com o tempo aprenderíamos a viver um com o outro sem nos cansarmos, sem nos magoarmos, sem sombras nem equívocos."
Se eu pudesse, levava-te agora para casa, sentavámo-nos a lareira a conversar explicava-te porque é que um dia reparei que existias e sem querer me esqueci do meu coração entre os teus dedos.
Se eu pudesse...mas não posso, porque ninguém caminha sozinho, uma ponte só se constrói se as duas margens deixarem e o rio só corre se a corrente o empurrar. E eu não sou mais que uma gota de água nesse rio parado, uma peça perdida de uma ponte desmantelada, um mapa riscado que se esqueceu de todos os caminhos, uma folha em branco que perdeu a caneta, um estandarte sem bandeira, uma voz sem som, uma mão sem a outra. Falta-me a tua voz, o teu desejo, o teu querer, o teu poder. Falta-me uma parte de mim que te dei e que agora já não podes devolver.
Um dia havemos de nos entender."


Margarida Rebelo Pinto in As Crónicas da Margarida

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Para a minha 'irmã'



"Olho para ti e vejo em muitas coisas a mulher que também sou. Mas também vejo um escudo que me protege do mundo, uma voz sempre afável e disponível, um sorriso aberto e franco, uma mão pronta a dar, um ombro preparado a receber as minhas lágrimas e tristezas. És um pilar, mesmo quando te sentes fraca e vulnerável, és um ponto de equilíbrio que me faz atravessar o arame sem medo porque sei que estás do outro lado com a mão estendida à minha espera.

És linda 'I', pareces uma princesa da Flandres e como todas as mulheres excepcionalmente belas, achas sempre que estás feia ou que podias estar muito melhor. Mas eu vejo-te assim, perfeita, quase a voar quando caminhas, como se a terra te projecta-se no ar, leve como uma pena, a pairar, a pairar... Ensinas-me coisas tão diferentes como escolher os ténis que estão na moda ou aprender a ouvir as batidas do meu próprio coração. Ou então gastas o teu tempo comigo sem nunca me fazer sentir que o estás a perder e ouves-me vezes sem conta a contar a mesma história como se fosse sempre a primeira."




Margarida Rebelo Pinto

segunda-feira, 5 de abril de 2010



´Amei-te de uma forma desajeitada, arrebatadora e incondicional, sempre querendo e desejando o melhor por ti. O melhor só tu mesmo poderás encontrar e hoje estou certa que não passa por mim.



Não é a dor da rejeição que me massacra, é a dor de saber que nada poderá sobrar deste amor. Que a amizade não tem espaço nem voz entre duas pessoas que desconfiam uma da outra com a facilidade de um inquisidor contratado a soldo.´

Margarida Rebelo Pinto in Não há coincidências.


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