Ano Novo :)

Mais um ano que chega ao fim. Véspera de Ano Novo.
Pensamos então, com quantas pessoas eu não comuniquei, com quem é que eu não fiz as pazes, o que é que podia ter feito e não fiz, o que é que eu podia ter mudado e não mudei...
Todos os anos os mesmos pensamentos... Então, porque não esquecer as hipóteses e agradecer realmente aquilo que foi importante neste ano que passou?
Quero desde já desculpar-me se esqueço alguém que para mim foi importante neste 2009, que está prestes a acabar, mas mesmo não me lembrando agora, cada uma tem o seu espacinho cá dentro. Uns por coisas realmente boas, outros que não lhes vou chamar más, mas menos boas, porque é também com elas que crescemos.
Esqueçamos a ordem dos nomes, isso é o que menos importa...

*Pai e Mãe, sois realmente (apesar de nunca vos dizer, [talvez devesse mudar isso]) as pessoas mais importantes da minha vida. Não só pelas coisas materiais que me dão mas pela atenção que eu obtenho de vocês, porque há coisas muito mais importantes do que ter um carro, ou umas calças... Sempre me dizem 'a saúde em primeiro lugar' e por isso sou assim alegre bem disposta e cheia de vida!
*Helder, meu padrinho (de praxe), meu amigo......, és muito importante, estás realmente disponível, não esqueças que estou sempre aqui para o que for preciso... tu mais que ninguém o sabe, por isso não vale a pena estar aqui com grandes coisas, o que importa é que as saibas tu mesmo!
*Filipe, sempre foste e és aquela pessoa com quem pude e posso contar. Talvez sejas o irmão que eu nunca tive e apesar de ultimamente não estarmos tão juntos, sei que em ti posso confiar!
*Bárbara, minha madrinha fofa (de praxe) foste sem dúvida das melhores pessoas que conheci no ISMAI és a disponibilidade e a alegria em pessoa, conhecer-te tem sido sem dúvida muito bom!
*João, foste muito importante para mim na minha caminhada enquanto crismanda! Obrigada padrinho por me teres acompanhado no dia do meu Crisma.
*Cristina Vieira, que hei-de dizer sobre ti? que leiam o post anterior para saberem o que realmente significas!
*Catarina Lima, minha possuída! Adoro-te, adoro-te e adoro-te! Tinha que arranjar alguém parecido comigo, se não não tinha piada nenhuma... e Taizé espera-nos (espero eu :D)
* Chama, que dizer? O grupo é uma parte de mim, em cada actividade deixo um especial carinho que vale mais do que tudo o que possa dizer sobre o grupo... lá, aprendi muito, essencialmente a crescer... interiormente... fico grata a cada pessoa, mesmo, por tudo que de bom e menos bom lá passo.
*Diana Neves, a minha pig! Depois de 4 anos ainda continuamos (in)separáveis :D tu entendes o parenteses não é? És fantástica, obrigada por tudo, mesmo!
*TESG , saudades de representar, de estar em palco, de ser eu mesma, livre solta e louquinha! É o meu 'habitat' e tenho mesmo muita pena de não poder ter-vos comigo este ano... para 2010 quem sabe...
*Diogo Azevedo, o meu amigo fashion, obrigada por me contares tudo e essencialmente por confiares em mim! : D
*Isac, o que dizer de ti? Conheço-te desde o 1º ano, e desde então temos feito uma grande caminhada sempre juntos na escola, na catequese, no Chama... um amigo para a vida!
*Ana Isabel, apenas umas palavritas, que significam muito: És tão 'boua'! Tenho dito x)
*Tiago Daniel: TIIIIITAS! Sempre que ouvires este chamamento não fujas! Sou eu mesma que chama por ti! e sempre estarei aqui para te ouvir... nem que seja para as piadas secas!
*Diogo Cordeiro, contigo aprendi muito sabes... vales muito mais do que aquilo que julgas valer... O que tenho a dizer é que fui feliz contigo, mas a vida dá muitas voltas e há certas alturas em que apenas a amizade deve prevalecer, as coisas aprendidas contigo, como já disse um dia, vão ser usadas em prol da minha felicidade...
*Ondius Choquis, é claro que não me podia esquecer, conheci pessoas espectaculares nesta trupe...
*Inês Adrade, minha irmã de praxe! Agradeço-te do fundinho mesmo, porque 'és minha irmã... eu tomo conta de ti!"
*Inês Magalhães, és a menina calminha mais 'rebelde' que já conheci, só não te passes quando estiver ao pé de ti sim? :D
*Janine, uma palavra: PORCA! :P Pegar com o meu padrinho é o teu  (nosso) hobby favorito não? 'Porque me odeias?' Sem dúvida uma das nossas frases preferidas! Adoro-te!
*Prof Ana Catarino, atrás dessa armadura de ferro : D, sempre soube que estava um coraçãozinho muito bondoso ahahah, obrigada por cada carinho, atenção e essencialmente ensinamento... foi realmente muito importante!
*Prof. Dolores Garrido, por cada convite, por cada ajuda, e essencialmente amizade.
*Prof. Cecília Santos, esse francês não desgruda mesmo! :D Merci beaucoup por toutes les aides, l'amitié et sourtout pour les conseils!
*Ji, tinha que te destacar obviamente do grupo do TESG porque sempre foste com quem me dei melhor minha 'Matilde', tu mereces verdadeiramente esse papel (que ambas sempre quisemos)... ainda tenho esperança de um dia poder subir ao palco e começar... "Ensina-lhes que sejam valentes, para um dia virem a ser julgados por covardes..." Não penses que me esqueci do texto : D

Sei que não estão todos aqui, mas não é por não serem referidos que são menos importantes...
Espero que não só em 2010 mas pela vida fora possa contar convosco!


A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.

Charles Chaplin

Para uma Amiga...

Cristina Vieira. Assim se chama ela. Como é que esta amizade começou?
Bom, nem eu sei... talvez ela saiba explicar quem sabe?
A verdade é que aos poucos, desde que entrei no Grupo Chama (e sempre que me lembro disso me orgulho) pude conhecer pessoas fantásticas. E a Cristina foi uma delas. Aos poucos fomo-nos conhecendo, umas boleias para aqui, uma conversa para acolá, e assim formou-se uma amizade que me deixa muitas vezes sem palavras porque os gestos transmitem muito aquilo que por vezes queremos dizer...
Sinto-me envergonhada por nunca ter escrito nada sobre ti, porque tu, és realmente alguém muito importante minha cara :)
E tenho assim que te agradecer por tudo, aquele tudo que tu sabes. Conversas, desabafos, tu estás sempre, e isso vale mais do que qualquer presente de Natal. E por falar em Natal.... outra vez obrigada :)
Desculpem-me todos os meus amigos, mas hoje o destaque vai para ti!
Todos os momentos vividos estão sempre presentes. A praia, os jantares, os carnavais, os aniversários, os bailaricos, os risos e os choros (sabes tão bem quanto eu do que falo não é?) (:
Vou guardar-te sempre aqui <3

Obrigada! É aquilo que te posso dizer!

É tão bom contar contigo! "Um amigo está lá, quando mais ninguém está", e tu... tu estás!

Papoilas Saltitantes

Não é preciso dizer nada... só para ti xD

Papoila Saltitante eheheh :P

Espera

Este poema apesar de já ter sido publicado há algum tempo é para o Samuel, pois é um dos seus favoritos, e a ele agradeço-lhe as visitas constantes e os elogios ao blog! Obrigada "Todo Cego"!


Horas, horas sem fim,
pesadas, fundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas.

Até que uma pedra irrompa
e floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
e no silêncio desapareça.

                                                      Eugénio de Andrade
(AS MÃOS E OS FRUTOS)

Sob o Vento

Tradução de uma música que eu adoro - Sous le vent

E se tu achas que estou com medo 

É falso

Eu dei férias ao meu coração

Um pouco de descanso.

E se tu achas que eu estava errado

Espera...

Respira um pouco o sopro de ouro

Que me puxa adiante 

E...

Faz como seu eu tivesse ido para o mar

Eu parti e icei a vela

E deslizei sob o vento

Faz como se eu tivesse deixado a terra

Eu encontrei a minha estrela

E segui-a por um momento

(Sob o vento)

E se tu achas que acabou

Jamais

É apenas uma pausa, um descanso

Após os perigos

E te tu achas que te esqueci

Escuta...

Abre o teu corpo aos ventos da noite

E fecha os olhos 

E...

Faz como seu eu tivesse ido para o mar
Eu parti e icei a vela

E deslizei sob o vento

Faz como se eu tivesse deixado a terra

Eu encontrei a minha estrela

E segui-a por um momento

(Sob o vento)

Tradução da música de Garou feat Celine Dion - "Sous le vent"

Só um Natal

É com uma grande tristeza que deparo que algumas coisas se começam a desmoronar.
Falo da minha família. E o assunto vem à baila pois estamos em época natalícia, época essa, em que as famílias se reunem para juntas poderem celebrar o nascimento de Jesus, (se é que o fazem) ou simplesmente jantarem e trocarem uns presentes. Não censuro ninguém, eu própria troco as minhas prendas. No entanto não me esqueço do principal objectivo.
Este ano, contudo, e ao longo de quatro anos (desde que perdi o meu avô materno) que a família aos poucos parece dispersar. Uns porque vão à família do marido, uns porque estão à espera de ser convidados por fulaninho e sicraninho, outros porque são demasiado orgulhosos para perguntar onde vão realizar a consoada. Começo a acreditar que ele - o meu avô- era o pilar que mantinha a família unida.
Uma família que já teve não sei quantas pessoas à mesa, acaba por ficar com três. É realmente a minha família. Mas não a do Natal, aquela com a qual ria, jogava, trocava presentes e falávamos até às tantas da madrugada.
Agora é triste ver que já não se lembram dos primos, dos tios, dos avós, dos netos, dos irmãos...
É triste ver que não vão estar na mesa os bolinhos de bolina feitos pela tia N, ou o pão-de-ló da tia P...

Mas quem sabe, ainda sinta o 'cheirinho' natalício cá em casa... Nem que seja o das rabanadas e da aletria feitas pela minha mãe e a boa disposição do meu pai.
Afinal de contas... Natal é quando um Homem quiser.
Apesar de ser triste ver que estas coisas acontecem.

Não me esqueci

Apesar de tudo, eu não me esqueci do dia de hoje.

Lembro-me tão bem do dia de hoje à uns meses atrás... e da noite que nunca vou esquecer. Uma noite em que o silêncio não incomodava, as palavras não eram demais, os sorrisos era tudo o que importava. As estrelas estavam lá juntamente com o mar que se abria aos nossos pés. E o teu abraço aconchegante fez-me sentir a pessoa mais sortuda do mundo.

Hoje, porém, só quero que saibas que não me esqueci deste dia, que não me esqueço nunca.

Que não me esqueço de ti.

Há amor...

Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?

Fernando Pessoa

Sentir? Sinta quem lê...

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

Se houve algum dia em que me apeteceu correr para ti e dizer-te o quão és para mim, esse dia é hoje. Vejo-me sozinha numa estrada sem fim, a correr sem chegar a lado algum... E vejo-te a ti lá ao fundo de braços abertos. Como tantas vezes corri, em sonhos de mistura com realidade. Não demores, não demores... é a única coisa que, mesmo não dizendo com palavras eu te peço. Aquela sensação de vazio que eu não gosto, que eu detesto, quer invadir-me as entranhas. Quer fazer-me chorar. Mas eu não vou deixar que ela entre. Não! Eu vou esperar com um sorriso tão aberto como da primeira vez, aquele que tu sabes, daquela manhã tão azul como a cor da minha camisola. O tempo que for preciso porque me és tão importante, e não chegam advérbios nem hipérboles nem adjectivos para te comparar. Não consigo deixar aqui o que significas, desculpa. Os gestos dizem muito mais que mil palavras. Sempre assim foi. Dou-te o que precisares, sempre sempre estarei aqui. Porque, embora não aches, tu dás muito mais daquilo que pensas. E esse olhar que eu adoro e é tão meu enche-me o coração de todas as vezes em que estás por perto. Gosto... de quando me falas nem que seja só com esse teu olhar.

E eu vou estar aqui a esperar-te. Prometo! Eu, tal como tu, também sei abrir os braços.

Je veux seulement que tu choisisses bien. <3

Vontades...

Ás vezes não nos dá assim, uma sensação de tristeza que nos invade e nem sequer sabemos explicar?

Sentir uma lágrima a correr pela cara e perguntar porquê?

Estranha sensação esta... quantas vezes não parecemos ter 14 anos? Aquela idade em que tudo é um desastre, tudo corre mal, chora-se por tudo e por nada, gritamos por tudo e por nada, e custa mais sorrir...

Essa idade absurda em que num momento somos as pessoas mais felizes do mundo e no momento seguinte apodera-se sobre nós uma nuvem negra, como aquelas dos desenhos animados com relâmpago e tudo... Ao menos as da realidade não nos chovem em cima nem relampejam, caso contrário, andaríamos molhados em dias soalheiros e constantemente queimados... que parvoíce.

Mas mesmo não tendo 14 anos, às vezes dá uma vontadinha assim, de chorar... como nos velhos tempos em que abstraídos de qualquer coisa, nos agarrávamos a eterna confidente almofada e chorávamos até fazermos de nós mesmos um farrapo... depois? Ligávamos ao melhor amigo contávamos os problemas e saíamos juntos para comer um gelado e esquecer as mágoas passageiras. A tristeza? Foi-se com a recordação dos 14 anos... hoje em dia, com a azafama em que se vive cada hora, cada minuto, não há tempo sequer para ela.

"Vontade de ser asas e voar..."

Três anos. Mais de 350 aulas.

São pessoas como estas que fazem com que sempre estejamos com um sorriso aberto, ou uma lágrima de felicidade no cantinho do olho... três anos, mais de 350 aulas é certo... a amizade, essa continuará... Não acreditam? Leiam então...

Em partes iguais, entusiasmo, rebeldia, sorrisos, risos, olhares irónicos, olhares tensos, disponibilidade, respeito, e mais, e mais….entraram pela sala de aula levando a Catarina, sempre num rodopio.

No 10º e no 11º, na sala 12. No 12º na 42A. Sempre à minha frente. Ao longo dos três anos, a menina que se sentava na primeira fila foi crescendo. Fez birras, foi rebelde, foi mais sensata, menos sensata, mas, e citando (livremente) o Nobel Português, “era sempre o sorriso quem abria a porta”.

Pela segunda vez, este ano, a Catarina entrou na minha sala de aula. O mesmo sorriso. Os mesmos gestos. A mesma alegria. Contagiante. Só não estava tão despreocupadamente preocupada. Essa faceta da sua personalidade está, agora, reservada a outras salas, outras aulas, outros professores.

Agora vem de visita. E é sempre bem recebida.

Primeira da aula da manhã. Escola Secundária de Gondomar. Sala 6. Dentro, o 10º8 faz a correcção do teste de Português. A Catarina encontra a porta aberta, mas não entra. Não se impõe. Num gesto típico de criança (e dela), estica o sorriso, espreita (será que a ouço fazer cu-cu!!?) e, quando ouve – olá Catarina, entra! –, fá-lo de forma decidida,  abre os braços e o abraço é sincero e meigo, recíproco.

Olhei disfarçadamente e percebi nos mais de vinte rostos que estavam sentados nas cadeiras o olhar inquiridor. Impliquei-os. Perguntei se a conheciam. Alguns não, outros sim. Sobretudo por ter pertencido ao TESG. Apresentei-a. Expliquei-lhes o motivo da sua presença.

Falou-lhes do tempo em que foi aluna do secundário, das dúvidas, das ânsias, das matérias preferidas e das outras também. Bem-disposta e empática cativou-os e eles ouviram-na atentamente. Fizeram perguntas. Ouviram as respostas, sorriram, riram.

Por entre os conselhos que lhes ia dando, ia-me contando os resultados dos testes que já fez. E o brilho do olhar ia-me confidenciando a felicidade de quem tem consciência do dever cumprido.

Três anos. Mais de 350 aulas, muitas mais horas de convivência, dentro e fora da escola. Hoje, pela segunda vez, a Catarina entrou na minha aula. Mas não pela última, tenho a certeza.

Encontrarás à tua espera a porta sempre aberta e os braços também.

Um obrigada com um beijinho a tiracolo, “bolotinha”.

Ana Catarino.

13/11/2009


Obrigada Professora... obrigada :')

"As coisas importantes são invisíveis aos olhos..."

Este é um diálogo entre uma raposa e o principezinho, sobre aquilo de que os homens por vezes se esquecem: cativar.

« Quem és tu? - perguntou o principezinho - És bem bonita...

- Sou uma raposa - disse a raposa.

- Anda brincar comigo - pediu-lhe o principezinho. - Estou tão triste...

- Não posso brincar contigo - disse a raposa. - Ainda ninguém me cativou...

- Ah! Então desculpa! - Disse o principezinho.

Mas pôs-se a pensar, a pensar, e acabou por perguntar:

- "Cativar" quer dizer o quê?

- Vê-se logo que não és de cá - disse a raposa. - De que andas tu à procura?

- Ando à procura dos homens - disse o principezinho. - "Cativar" quer dizer o quê? 

(...)

- É uma coisa de que toda a gente se esqueceu - disse a raposa. - Quer dizer "criar laços"...

- Criar laços?

- Sim, laços - disse a raposa. - Ora vê: por enquanto tu não és nada para mim senão um rapazinho perfeitamente igual a cem mil outros rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto eu não sou para ti senão uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativares, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E eu também passo a ser única no mundo para ti...

(...)

A raposa calou-se e ficou a olhar para o principezinho durante muito tempo.

- Se fazes favor... cativa-me! - acabou finalmente por pedir.

- Eu bem gostava - respondeu o principezinho. - Mas não tenho muito tempo. Tenho amigos para descobrir e uma data de coisas para conhecer...

- Só conhecemos o que cativamos - disse a raposa. - Os homens deixaram de ter tempo para conhecer o que quer que seja. Compram as coisas já feitas aos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos os homens deixaram de ter amigos. Se queres um amigo, cativa-me!

(...) 

E o principezinho cativou a raposa. (...) »

Antoine de Saint-Éxupéry - O Principezinho

(...)

"E hoje há qualquer coisa que me fere

e que me faz querer tanto ter-Te aqui"
                                       

                                             

Lettera Amorosa

Respiro o teu corpo

sabe a lua-de-água
ao amanhecer,
sabe a cal molhada,
sabe a luz mordida,
sabe a brisa nua,
ao sangue dos rios,
sabe a rosa louca,
ao cair da noite
sabe a pedra amarga,
sabe à minha boca.

            Eugénio de Andrade

ESG

Obrigada a todos aqueles que fizeram com que hoje sentisse que dias fantásticos passaram por mim, mesmo só me apercebendo disso uns meses mais tarde. 

Quem diria que, por detrás daquele portão verde e daquelas paredes pintadas de branco, se escondiam muitas saudades adormecidas?

É verdade, como diz a professora Ana Catarino, "Afinal a ESG marca". 

Hoje, ao entrar naquela, que durante 3 anos foi a minha escola, revivi momentos. Uns bons, uns nem tanto. Entrei na sala de aula onde a professora de português estava a dar a aula. Pedi para entrar. Ela já esperava a visita. Explicou quem eu era e o que tinha ido lá fazer. Fiquei contente por notar naquela voz sempre tão firme, uma nota de vaidade e orgulho quando disse "Esta é a Catarina e foi minha aluna durante três anos!"

Assisti a um pouquinho da aula onde Caeiro foi a personagem principal e até tirei apontamentos na folha duma aluna [as saudades fazem-nos cometer loucuras : )]. Vagueei pelo bar, senti o cheirinho das torradas dos croissants e do café. Passei pelos corredores sem gente e pelas salas repletas de alunos. Então uma pequena nostalgia pairou sobre mim. Apeteceu voltar um ano atrás, entrar naquela escola, atrasada sempre, descer as escadas a correr, num dia de sol ou de chuva, entrar pela porta da sala 42A e dizer "Desculpe o atraso!" e de imediato abrir mochila, tirar os cadernos e os livros repletos de apontamentos e rabiscos sem interesse algum. Ouvir dum lado a Raquel "Diana fecha a janela que tenho frio", e do outro lado a Rita "Por favor abram a janela que deste lado está imenso calor!".

Sair para o intervalo e sentar-me ns mesas redondas. Deambular pelo campo de futebol, dar uns chutos na bola e ter sempre alguém (obrigada Diana) com quem estar e dar "a voltinha".

De facto, a ESG marca. Incrivelmente, nunca havia pensado dizer isto. Mas marca. Pelos professores, funcionários, pelas pessoas boas, más, ou assim assim. Marca por ela própria.

Passado um pouco, chegou a hora de partir. Ficaram para trás todas as pessoas maravilhosas, as paredes revestidas de branco com grafiftis e o portão verde fechado atrás de mim. E um mar de recordações guardadas bem cá dentro. Apesar de todos os momentos, bons ou maus, a ESG marcou.

Em poucas palavras

 Quantas vezes não fomos um para outro, um abrigo contra o frio?


Nunca foi preciso dizer muito para saberes o que eu tinha.
Sempre sabes limpar-me as lágrimas.
Sempre sabes entender os meus sorrisos.
Gostas das minhas maluqueiras,
dos meus estados de possuidez que te fazem rir e dizer "Pára já estou a sufocar Cat!"

Podemos nunca ter sido as melhores, as 'BEST FRIENDS'
mas sempre estivemos disponíveis uma para a outra
nem que fosse para ir a tua casa obrigar-te a comer.
Ou limpar-te as lágrimas.
Por isso, ser as melhores amigas também não importa muito pois não?

Soubemos sempre trabalhar juntas (como eu tenho saudades do secundário).
Sempre demos a volta por cima, como se costuma dizer.

Não é preciso dizer muito de alguém que nos quer bem.
Bastam, ainda que simples, as pequenas coisas da vida.

P.S. Saudades de croissants com fiambre e ice-tea's de pêssego :')

DiPig :)

Silêncio

Cai o silêncio nos ombros...

Escuta!
Não ouves nada?
É o silêncio que quer falar.

Vem aí,
vem submisso e não diz nada a ninguém.
Não tarda, seremos dois cúmplices desse silêncio.
Nada diremos um ao outro.
Nem sorrisos, nem lágrimas nem beijos.
Olhares brilhantes de adolescentes de quinze anos
inocentes, puros.

Disfarça, olha em torno de ti.
Fulmina-me com esse teu olhar terno
de quem tudo quer dizer
e de onde sai apenas silêncio.

Psiu! Vira-te mais uma vez
Quero olhar-te um pouco mais
antes de partires sem nada dizeres
E me deixes colada a este silêncio
Que me corrói por dentro,
e me preenche cada espacinho teu.

"Há palavras que nos beijam como se tivessem boca..."

Hoje escutei a tua voz .
É uma como tantas outras,
Mas é a tua voz.
Ouvi-la assim por entre metáforas e metonímias 
Dá vontade de sorrir e sonhar,
talvez um pouco mais, quem sabe?

E essas palavras que saem da tua boca
transformam-se numa doce fragância
imaculada, de doçura e faz estremecer.

Apenas uma voz carinhosa
sussura-me ao ouvido
arrepia as entranhas
eleva-se entre mil estrelas
e diz apenas estar comigo...

fala beijando um pouco mais,
recorre a todas essas comparações
eufemismos e enumerações
apenas para sentir
que a noite ainda não acabou
e que está presente a tua voz.

Viagem de Comboio

Um dia ensinaram-me que a Vida era como uma viagem de comboio. Que a nossa primeira estação era o nosso nascimento, e a partir daí começava a nossa jornada, rumo ao desconhecido. À medida que o tempo passa, ou melhor que a viagem continua, encontramos novas caras. Umas com quem simpatizamos de imediato, outras das quais nem sequer nos apercebemos que existem. 

Cada estação é uma nova descoberta. Algumas pessoas entram outras saem, tal e qual como na nossa vida. Umas dói quando partem, deixam a sua marca cá dentro. E outras fazem-nos sem darmos conta disso. E há ainda algumas que só depois de partirem é que sentimos verdadeiramente a sua falta. 

Mas a viagem continua. Cada dia é um dia. E enfim chegará o derradeiro dia, não se sabe quando, nem como, mas chegará. E será então a nossa vez de chegar ao destino. Restarão as recordações, os bons momentos vividos. E não sabemos o que nos espera. Apenas que partiremos sozinhos. E o resto... quem sabe? 

Acender

Um conjunto de sentimentos e de emoções. Um retiro para re-acender a Chama que habita em nós e nos faz viver em cada dia. Ter chegado a casa de coração cheio, deu vontade de colocar mãos à obra. Um fim de semana passado na companhia dos amigos. E do Amigo. Os sentimentos falaram por si, choro de alegria e de orgulho. Orgulho em ser Chama, orgulho em sermos um grupo, orgulho em sermos UM. Não posso dizer que fomos muitos. Mas posso quase dizer que somos bons, e estivemos muito fortes ;)

Quantas vezes não deu vontade de desistir? De deitar tudo a perder? Quantas vezes não achamos melhor virar as costas só porque temos que enfrentar os problemas?

O Acender deu para reflectir e iniciarmos um novo ano com uma Chama do tamanho do Mundo. Então deixemos invadir-nos por esta Chama que é Cristo, e aproveite-mos esta oportunidade que Ele nos dá de viver para tirarmos melhor partido das nossas acções e sentirmos que fazemos as coisas certas invadidos pela Sua luz.

Uma aula diferente

Obrigada pelo carinho, pela amizade e por toda a confiança que tem vindo a depositar em mim ao longo destes anos.

Última aula da tarde de 6ª f. Estou com a turma 12º 8 na sala 23 da ESG. Batem à porta. Espreito e como não vejo ninguém pelo vidro rectangular da porta, aproximo-me e abro-a. Deparo com o sorriso aberto da Catarina. Fico muito contente.

Veio à escola e foi à sala de aula visitar-me.

Ao longo deste curto diálogo, a Catarina continua do lado de fora da sala. Convido-a para entrar. Apresento-a à turma. Digo que nunca foi minha aluna e explico que a empatia vem de várias actividades, em comum, ligadas à língua materna – representação, apresentação da Festa da Língua no Auditório Municipal, etc - em que a Catarina interveio com empenhamento e entusiasmo. Para além das peças que a vi representar.

Peço-lhe para falar um bocadinho dos autores que gostou de estudar no 12º ano.

Não sei se devido ao seu gosto pelo teatro, realça a peça Felizmente há luar de Luís Sttau Monteiro e o romance Memorial do Convento de José Saramago. Diz que adorou ler este livro, adorou a visita de estudo a Mafra, adorou ver a obra representada numa das salas do Palácio, mandado construir por D. João V – rei megalómano. E falou com entusiasmo da paixão de Baltazar e Blimunda.

Cá para mim, só fala assim quem está verdadeiramente apaixonado. Pela vida está de certeza, porque o sorriso da Catarina não engana.Refere também o exame de Português, no qual teve boa nota. Sugiro-lhe que fale um pouco das estratégias de estudo, porque a partilha de experiências é sempre útil e os alunos – em breve, porque o tempo passa muito depressa – também farão exames do 12º ano. Com responsabilidade, diz ter lido, na íntegra, as obras estudadas.
Sempre com alegria, fala da nova experiência na Faculdade, onde é caloira em dias de praxe.
Sobre todos os assuntos, a turma ouve-a, levanta questões, sente curiosidade… e a alguns apetece dizer: fica mais um pouco, Catarina, porque assim a aula acaba mais depressa.
Obrigada, Catarina, pela visita que mostra bem como a escola é importante na vida das pessoas: pelo que lá se aprende – dentro e fora da sala de aula – e pelos afectos partilhados.

Um beijinho e continua a construir/partilhar a felicidade.

Dolores Garrido

24 de Setembro 2009

Música com Sentido <3

Me deixe sim,
mas só se for p'ra ir ali e p'ra voltar
me deixe sim,
meu grão de amor,
mas nunca deixe de me amar.
Agora as noites são tão longas,
No escuro eu penso em te encontrar
me deixe só, até à hora de voltar.

Me esqueça sim p'ra não sofrer,
p'ra não chorar,
p'ra não sentir,
me esqueça sim que eu quero ver
você tentar sem conseguir.
A cama agora está tão fria,
ainda sinto o seu calor
me esqueça sim,
mas nunca esqueça o meu amor

É só você que vem,
no meu cantar meu bem,
é só pensar que vem la ra ra ra...
Me cobre mil telefonemas
depois me cubra de paixão
me pegue bem,
misture alma e coração

Me deixe sim,
mas só se for p'ra ir ali e p'ra voltar
me deixe sim,
meu grão de amor,
mas nunca deixe de me amar.
Agora as noites são tão longas,
No escuro eu penso em te encontrar
me deixe só, até à hora de voltar.


É só você que vem,
no meu cantar meu bem,
é só pensar que vem la ra ra ra...
Me cobre mil telefonemas,
depois me cubra de paixão
me pegue bem,
misture alma e coração.

Grão de Amor - Tribalistas

Canção

Tu eras neve.

Branca neve acariciada.

Lágrima e jasmim

no limiar da madrugada.

Tu eras água.

Água do mar se te beijava.

Alta torre, alma, navio,

adeus que não começa nem acaba.

Eras o fruto

nos meus dedos a tremer.

Podíamos cantar,

ou voar, podíamos morrer.

Mas do nome
que maio decorou,
nem a cor
nem o gosto me ficou.

Eugénio de Andrade

Quem os quer ler?

Escrevo os meus poemas,

mas não há quem os queira ler.

Só queria um alguém. Um ideal.

Para os meus poemas ler.

Poema escrito à margem,

poema para alguém,

poema para ninguém.

Poema sem sentido,

enlouquecido,

trago dentro de mim

este poema adormecido,

consumido 

por este tempo...

que foi teu...

que foi meu...

poema esquecido,

poema para alguém,

poema de ninguém.

Os amigos são para as ocasiões

Desculpa-me se te disse o que toda a gente diz, mas nestes momentos as palavras faltam a quem mais precisa delas.

Sei que o teu avô era como um pai para ti, mas tal como tu disseste talvez ele tenha partido para um lugar onde certamente estará bem melhor. Não sei se assim é, gostamos sempre de dizer este tipo de coisas para fazer com que as pessoas fiquem bem, embora nem sempre seja a completa verdade. Mesmo que esboces um sorriso, eu sei que hoje o dia é de lágrimas, apenas te escrevo isto para que saibas que podes contar comigo. Hoje é a minha vez de ir ter contigo e sentar-me ao pé de ti a ouvir da tua boca todas as tuas angústias e tristezas. Sempre me soubeste ouvir quando precisei. Tens que continuar forte, MUITO FORTE como eu sempre digo : D.  Perdoa-me se não saberei dizer as palavras certas, a verdade é que há já algum tempo passei pelo que estás a passar, sei o que isso é, e sei que preferirás o silêncio e um terno abraço e beijo de quem tu gostas. Então hoje é isso que farei. Vou mostrar-te o meu sorriso e não uma lágrima. Vou ouvir-te e não falar. E vou dizer-te que vai ficar tudo bem!

FORÇA AMIGO <3

Urgentemente

É urgente o amor.

É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,

ódio, solidão e crueldade,

alguns lamentos,

muitas espadas.

É urgente inventar alegria,

multiplicar os beijos, as searas,

é urgente descobrir rosas e rios 

e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz

impura, até doer. 

É urgente o amor, é urgente

permanecer.

Eugénio de Andrade

 

Para ti PIG :D

Só porque querias uma foto tua aqui :')

E pensar que já nos conhecemos à quase quatro anos, e que não "podias" comigo quando entrei para a nossa turma, o local onde juntas iríamos partilhar um Mundo que nunca esperaríamos. Mas como sabemos a vida dá tantas voltas e depois de alguns dias lá te foste habituando à ideia de me teres como colega (mesmo querendo tu 'praxar-me' até à exaustão). 

Mal nos conhecemos e já fazíamos trabalhos em tua casa, e eu pedia-te bolachas e em vez de trabalharmos comíamos e jogávamos no computador, lembras-te disso? Mesmo assim sempre soubemos trabalhar juntas, nem que para isso fosse necessário ir para a escola às 8.30h quando só entravamos às 12h para lermos e relermos capítulos de Memorial do Convento para apresentar em português!

E as nossas tardes no microclima a espera da hora certa para nos irmos embora? E as nossas conversas, típicas críticas de adolescente, enquanto almoçávamos no Dominó e resmungávamos sobre o empregado que implicava só porque me fazias rir mais alto?

Desculpa se nem sempre fui a melhor amiga,  mas quero que saibas que mesmo que não te fale por muito tempo eu lembro-me sempre de ti, e não digo isto para que fiques feliz (embora saiba que a esta hora já estás a chorar) mas porque é a verdade.

As amigas são pessoas que vão com um ar de farra, conspiradoras, ver todas as lojas fora do seu poder de compra... E acabam a comer bolos de creme, com dinheiro suficiente para voltar para casa.

Sou tua amiga, mesmo que esteja um ano ou dois ou três sem te ver. Não te esqueças que eu acredito nas coisas à distância minha querida PIG <3

Última Reflexão

A Ti, que durante muito tempo foste a minha fonte de inspiração.

Quando o tempo passa e apercebemo-nos que as coisas não estão como queríamos, o melhor é afastarmo-nos e deixar que o tempo futuro resolva as marcas deixadas pelo passado. Sempre ouvi dizer que o tempo curava tudo. Quero demonstrar que está tudo bem, mas é difícil, porque apesar do tempo curar, ele deixa as suas marcas. Algumas superficiais, outras bem mais profundas. Mas no fundo, no fundo, sei que iremos ser um dia, (quem sabe?) os melhores amigos outra vez (se é que o deixámos de ser) e lembraremos bem no fundinho do coração (embora sem nada dizermos) momentos felizes que passámos juntos. "O passado é inútil como um trapo". Não posso concordar, pois tudo o que passámos fez-nos crescer (oh e como crescemos tanto, nunca esquecerei!).

Não me arrependo de nada, nem poderia perdoar-me se o fizesse, pois tu, bem sabes, sempre foste aquele com o qual eu sonhava sempre mais alto. Pois não é o sonho que comanda a vida? 

Mas o nosso caminho continua. Não podemos deixar de fazer com que ele corra, pois "não se vive apenas das recordações do passado, é necessário também os sonhos do futuro".

Amei-te, amei-te tanto, tenho de o dizer, talvez contigo tenha aprendido o que é realmente amar, e amar à distância, pois continuo a acreditar que isso é possível. 

Mas não posso deixar-me levar de memórias passadas, por isso vou seguir a minha vida em frente, Tu ficarás guardado cá dentro, nunca serás esquecido, nunca me perdoaria se o fizesse, simplesmente tenho de seguir o meu Caminho, um diferente, e tudo o que aprendi será usado em prol da minha felicidade.

Agora "Não temos já nada para dar/ dentro de ti não há nada que me peça água.../as palavras estão gastas. / Adeus."

Je Lui Dirai

Um poema em Francês para os amantes desta Língua.

Je lui dirai que sa vie est ma vie,

que je me préoccupe avec lui tous les jours

que je suis hereuse quand il est hereux

que je suis triste quand il est triste.

Je lui dirai que quand il sera perdu

Je lui donnerai ma main et mon épaule

pour qu'il puisse se cacher dans mes bras

et s'y réfugier de tous les malheurs.

Je lui dirai que son amour est très important pour moi

Qu'il est unique

Et que je l'aime de tout mon coeur,

Avec sa manière d'être

Son sourire et sa beauté

Enfin, comme il est vraiment.

Que fizeste das palavras?

Que fizeste das palavras?

Que contas darás tu dessas vogais

de um azul tão apaziguado?

E das consoantes, que lhes dirás,

ardendo entre o fulgor

 das laranjas e do sol dos cavalos?

 Que lhes dirás quando
te perguntarem pelas minúsculas
sementes que te confiaram?

Eugénio de Andrade in Matéria Solar

Uma noite cheia de Ti

Naquela noite eu era feliz.

Emanava alegria pois estavas comigo.

Juntos vagueámos por entre pedras

e árvores

e bancos de pedra corroídos pelo tempo.

E não queríamos saber de nada mais.

Enlaçámos então as mãos

e escutámos o silêncio

durante um indefinido passar de tempo.

Passeámos naquela escuridão,

dois corpos de alma cheia,

simples vultos no negrume daquela noite.

E não falámos.

Não falámos nada,

pois os gestos transmitiam

o que as palavras não conseguiam dizer.

Ali,

julguei ter encontrado um caminho amplo

onde seria fácil caminhar sem ferir.

Mas enganei-me.

Enganei-me porque não existem caminhos fáceis.

Não existem contos de fada

e eu tão pouco sou princesa.

Mas naquela noite

uma mistura doce pairava no ar

e envolvemo-nos na escuridão

esquecendo tudo

menos a vontade de amar.

E assim ficámos

numa longa demora

até que a ausência se fez sentir

ainda mais...

muito mais do que aquele frio

de quando partias triste

e me deixavas assim também,

com o coração cheio

e um vazio nos braços.