domingo, 27 de setembro de 2009

Uma aula diferente


Obrigada pelo carinho, pela amizade e por toda a confiança que tem vindo a depositar em mim ao longo destes anos.

Última aula da tarde de 6ª f. Estou com a turma 12º 8 na sala 23 da ESG. Batem à porta. Espreito e como não vejo ninguém pelo vidro rectangular da porta, aproximo-me e abro-a. Deparo com o sorriso aberto da Catarina. Fico muito contente.
Veio à escola e foi à sala de aula visitar-me.
Ao longo deste curto diálogo, a Catarina continua do lado de fora da sala. Convido-a para entrar. Apresento-a à turma. Digo que nunca foi minha aluna e explico que a empatia vem de várias actividades, em comum, ligadas à língua materna – representação, apresentação da Festa da Língua no Auditório Municipal, etc - em que a Catarina interveio com empenhamento e entusiasmo. Para além das peças que a vi representar.
Peço-lhe para falar um bocadinho dos autores que gostou de estudar no 12º ano.
Não sei se devido ao seu gosto pelo teatro, realça a peça Felizmente há luar de Luís Sttau Monteiro e o romance Memorial do Convento de José Saramago. Diz que adorou ler este livro, adorou a visita de estudo a Mafra, adorou ver a obra representada numa das salas do Palácio, mandado construir por D. João V – rei megalómano. E falou com entusiasmo da paixão de Baltazar e Blimunda.
Cá para mim, só fala assim quem está verdadeiramente apaixonado. Pela vida está de certeza, porque o sorriso da Catarina não engana.Refere também o exame de Português, no qual teve boa nota. Sugiro-lhe que fale um pouco das estratégias de estudo, porque a partilha de experiências é sempre útil e os alunos – em breve, porque o tempo passa muito depressa – também farão exames do 12º ano. Com responsabilidade, diz ter lido, na íntegra, as obras estudadas.
Sempre com alegria, fala da nova experiência na Faculdade, onde é caloira em dias de praxe.
Sobre todos os assuntos, a turma ouve-a, levanta questões, sente curiosidade… e a alguns apetece dizer: fica mais um pouco, Catarina, porque assim a aula acaba mais depressa.
Obrigada, Catarina, pela visita que mostra bem como a escola é importante na vida das pessoas: pelo que lá se aprende – dentro e fora da sala de aula – e pelos afectos partilhados.
Um beijinho e continua a construir/partilhar a felicidade.


Dolores Garrido
24 de Setembro 2009

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Música com Sentido <3

Me deixe sim,
mas só se for p'ra ir ali e p'ra voltar
me deixe sim,
meu grão de amor,
mas nunca deixe de me amar.
Agora as noites são tão longas,
No escuro eu penso em te encontrar
me deixe só, até à hora de voltar.

Me esqueça sim p'ra não sofrer,
p'ra não chorar,
p'ra não sentir,
me esqueça sim que eu quero ver
você tentar sem conseguir.
A cama agora está tão fria,
ainda sinto o seu calor
me esqueça sim,
mas nunca esqueça o meu amor

É só você que vem,
no meu cantar meu bem,
é só pensar que vem la ra ra ra...
Me cobre mil telefonemas
depois me cubra de paixão
me pegue bem,
misture alma e coração

Me deixe sim,
mas só se for p'ra ir ali e p'ra voltar
me deixe sim,
meu grão de amor,
mas nunca deixe de me amar.
Agora as noites são tão longas,
No escuro eu penso em te encontrar
me deixe só, até à hora de voltar.


É só você que vem,
no meu cantar meu bem,
é só pensar que vem la ra ra ra...
Me cobre mil telefonemas,
depois me cubra de paixão
me pegue bem,
misture alma e coração.

Grão de Amor - Tribalistas

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Canção

Tu eras neve.
Branca neve acariciada.
Lágrima e jasmim
no limiar da madrugada.


Tu eras água.
Água do mar se te beijava.
Alta torre, alma, navio,
adeus que não começa nem acaba.


Eras o fruto
nos meus dedos a tremer.
Podíamos cantar,
ou voar, podíamos morrer.


Mas do nome
que maio decorou,
nem a cor
nem o gosto me ficou.




Eugénio de Andrade

Quem os quer ler?

Escrevo os meus poemas,
mas não há quem os queira ler.
Só queria um alguém. Um ideal.
Para os meus poemas ler.

Poema escrito à margem,
poema para alguém,
poema para ninguém.

Poema sem sentido,
enlouquecido,
trago dentro de mim
este poema adormecido,
consumido 
por este tempo...
que foi teu...
que foi meu...
poema esquecido,
poema para alguém,
poema de ninguém.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Os amigos são para as ocasiões

Desculpa-me se te disse o que toda a gente diz, mas nestes momentos as palavras faltam a quem mais precisa delas.
Sei que o teu avô era como um pai para ti, mas tal como tu disseste talvez ele tenha partido para um lugar onde certamente estará bem melhor. Não sei se assim é, gostamos sempre de dizer este tipo de coisas para fazer com que as pessoas fiquem bem, embora nem sempre seja a completa verdade. Mesmo que esboces um sorriso, eu sei que hoje o dia é de lágrimas, apenas te escrevo isto para que saibas que podes contar comigo. Hoje é a minha vez de ir ter contigo e sentar-me ao pé de ti a ouvir da tua boca todas as tuas angústias e tristezas. Sempre me soubeste ouvir quando precisei. Tens que continuar forte, MUITO FORTE como eu sempre digo : D.  Perdoa-me se não saberei dizer as palavras certas, a verdade é que há já algum tempo passei pelo que estás a passar, sei o que isso é, e sei que preferirás o silêncio e um terno abraço e beijo de quem tu gostas. Então hoje é isso que farei. Vou mostrar-te o meu sorriso e não uma lágrima. Vou ouvir-te e não falar. E vou dizer-te que vai ficar tudo bem!
FORÇA AMIGO <3

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Urgentemente

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios 
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer. 
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

Eugénio de Andrade

 

domingo, 6 de setembro de 2009

Para ti PIG :D

Só porque querias uma foto tua aqui :')

E pensar que já nos conhecemos à quase quatro anos, e que não "podias" comigo quando entrei para a nossa turma, o local onde juntas iríamos partilhar um Mundo que nunca esperaríamos. Mas como sabemos a vida dá tantas voltas e depois de alguns dias lá te foste habituando à ideia de me teres como colega (mesmo querendo tu 'praxar-me' até à exaustão). 
Mal nos conhecemos e já fazíamos trabalhos em tua casa, e eu pedia-te bolachas e em vez de trabalharmos comíamos e jogávamos no computador, lembras-te disso? Mesmo assim sempre soubemos trabalhar juntas, nem que para isso fosse necessário ir para a escola às 8.30h quando só entravamos às 12h para lermos e relermos capítulos de Memorial do Convento para apresentar em português!
E as nossas tardes no microclima a espera da hora certa para nos irmos embora? E as nossas conversas, típicas críticas de adolescente, enquanto almoçávamos no Dominó e resmungávamos sobre o empregado que implicava só porque me fazias rir mais alto?

Desculpa se nem sempre fui a melhor amiga,  mas quero que saibas que mesmo que não te fale por muito tempo eu lembro-me sempre de ti, e não digo isto para que fiques feliz (embora saiba que a esta hora já estás a chorar) mas porque é a verdade.

As amigas são pessoas que vão com um ar de farra, conspiradoras, ver todas as lojas fora do seu poder de compra... E acabam a comer bolos de creme, com dinheiro suficiente para voltar para casa.
Sou tua amiga, mesmo que esteja um ano ou dois ou três sem te ver. Não te esqueças que eu acredito nas coisas à distância minha querida PIG <3

sábado, 5 de setembro de 2009

Última Reflexão

A Ti, que durante muito tempo foste a minha fonte de inspiração.

Quando o tempo passa e apercebemo-nos que as coisas não estão como queríamos, o melhor é afastarmo-nos e deixar que o tempo futuro resolva as marcas deixadas pelo passado. Sempre ouvi dizer que o tempo curava tudo. Quero demonstrar que está tudo bem, mas é difícil, porque apesar do tempo curar, ele deixa as suas marcas. Algumas superficiais, outras bem mais profundas. Mas no fundo, no fundo, sei que iremos ser um dia, (quem sabe?) os melhores amigos outra vez (se é que o deixámos de ser) e lembraremos bem no fundinho do coração (embora sem nada dizermos) momentos felizes que passámos juntos. "O passado é inútil como um trapo". Não posso concordar, pois tudo o que passámos fez-nos crescer (oh e como crescemos tanto, nunca esquecerei!).
Não me arrependo de nada, nem poderia perdoar-me se o fizesse, pois tu, bem sabes, sempre foste aquele com o qual eu sonhava sempre mais alto. Pois não é o sonho que comanda a vida? 
Mas o nosso caminho continua. Não podemos deixar de fazer com que ele corra, pois "não se vive apenas das recordações do passado, é necessário também os sonhos do futuro".
Amei-te, amei-te tanto, tenho de o dizer, talvez contigo tenha aprendido o que é realmente amar, e amar à distância, pois continuo a acreditar que isso é possível. 


Mas não posso deixar-me levar de memórias passadas, por isso vou seguir a minha vida em frente, Tu ficarás guardado cá dentro, nunca serás esquecido, nunca me perdoaria se o fizesse, simplesmente tenho de seguir o meu Caminho, um diferente, e tudo o que aprendi será usado em prol da minha felicidade.
Agora "Não temos já nada para dar/ dentro de ti não há nada que me peça água.../as palavras estão gastas. / Adeus."




Je Lui Dirai

Um poema em Francês para os amantes desta Língua.


Je lui dirai que sa vie est ma vie,
que je me préoccupe avec lui tous les jours
que je suis hereuse quand il est hereux
que je suis triste quand il est triste.

Je lui dirai que quand il sera perdu
Je lui donnerai ma main et mon épaule
pour qu'il puisse se cacher dans mes bras
et s'y réfugier de tous les malheurs.

Je lui dirai que son amour est très important pour moi
Qu'il est unique
Et que je l'aime de tout mon coeur,
Avec sa manière d'être
Son sourire et sa beauté
Enfin, comme il est vraiment.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Que fizeste das palavras?










Que fizeste das palavras?
Que contas darás tu dessas vogais
de um azul tão apaziguado?

E das consoantes, que lhes dirás,
ardendo entre o fulgor
 das laranjas e do sol dos cavalos?

 Que lhes dirás quando
te perguntarem pelas minúsculas
sementes que te confiaram?

Eugénio de Andrade in Matéria Solar

Uma noite cheia de Ti

Naquela noite eu era feliz.
Emanava alegria pois estavas comigo.

Juntos vagueámos por entre pedras
e árvores
e bancos de pedra corroídos pelo tempo.
E não queríamos saber de nada mais.

Enlaçámos então as mãos
e escutámos o silêncio
durante um indefinido passar de tempo.

Passeámos naquela escuridão,
dois corpos de alma cheia,
simples vultos no negrume daquela noite.

E não falámos.
Não falámos nada,
pois os gestos transmitiam
o que as palavras não conseguiam dizer.

Ali,
julguei ter encontrado um caminho amplo
onde seria fácil caminhar sem ferir.

Mas enganei-me.
Enganei-me porque não existem caminhos fáceis.
Não existem contos de fada
e eu tão pouco sou princesa.

Mas naquela noite
uma mistura doce pairava no ar
e envolvemo-nos na escuridão
esquecendo tudo
menos a vontade de amar.

E assim ficámos
numa longa demora
até que a ausência se fez sentir
ainda mais...
muito mais do que aquele frio
de quando partias triste
e me deixavas assim também,
com o coração cheio
e um vazio nos braços.