segunda-feira, 30 de agosto de 2010

'Le toi du moi'

Sabia-lhe o nome. Conheciam-se mas jamais se haviam falado... até aquela noite. Até que um olhar se tornou mais forte e capaz e a coragem deu de si, a transbordar e então falou-lhe. Dum jeito envergonhado de quem nada quer dizer mas tudo diz. E uma a uma, as palavras foram-se formando e as frases foram-se construindo...
Depois, veio o sorriso, o abraço apertado, um beijo e outro e outro, um enlaçar de mãos tão necessário como o calor de todos aqueles dias deitados na areia com a água do mar a salpicar-lhes a pele já morena de tantos dias passados ao sol. Lutas de areia tão infantis como as crianças que, ao pé deles, se enterravam até ao pescoço. Assim passam horas, dias, semanas na companhia um do outro que aos poucos se vão tornando inseparáveis quais estrelas brilhando no céu.
E lendo os olhares um do outro, vão entendendo, cada qual à sua maneira, a melhor forma de encontrar a chave para abrir o coração, de um modo tão simples como a simples forma de amar.


Falei de tudo quanto amei.;
                                De coisas que te dou;
                                                                para que tu as ames comigo; 
                                                                                           a juventude, o vento, as areias.

Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã"

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