quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Quem de Nós Dois




Eu e você
Não é assim tão complicado
Não é difícil perceber...
Quem de nós dois
Vai dizer que é impossível
O amor acontecer...
Se eu disser
Que já nem sinto nada
Que a estrada sem você
É mais segura
Eu sei você vai rir da minha cara
Eu já conheço o teu sorriso
Leio o teu olhar

Teu sorriso é só disfarce
O que eu já nem preciso...
Sinto dizer que amo mesmo
Tá ruim prá disfarçar

Entre nós dois
Não cabe mais nenhum segredo

Além do que já combinamos
No vão das coisas que a gente disse
Não cabe mais sermos somente amigos
E quando eu falo que eu já nem quero
A frase fica pelo avesso

Meio na contra mão
E quando finjo que esqueço
Eu não esqueci nada...
E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais
E te perder de vista assim é ruim demais
E é por isso que atravesso o teu futuro
E faço das lembranças um lugar seguro...

Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar um sentimento revirado
Mas toda vez que eu procuro uma saída
Acabo entrando sem querer na tua vida
Eu procurei qualquer desculpa pra não te encarar
Pra não dizer de novo e sempre a mesma coisa
Falar só por falar
Que eu já não tô nem aí pra essa conversa
Que a história de nós dois não me interessa...
Se eu tento esconder meias verdades
Você conhece o meu sorriso
Lê o meu olhar

Meu sorriso é só disfarce
O que eu já nem preciso...
E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais
E te perder de vista assim é ruim demais
E é por isso que atravesso o teu futuro
E faço das lembranças um lugar seguro...

Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar um sentimento revirado
Mas toda vez que eu procuro uma saída
Acabo entrando sem querer na tua vida
Ana Carolina, Quem de nós dois.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

'Le toi du moi'

Sabia-lhe o nome. Conheciam-se mas jamais se haviam falado... até aquela noite. Até que um olhar se tornou mais forte e capaz e a coragem deu de si, a transbordar e então falou-lhe. Dum jeito envergonhado de quem nada quer dizer mas tudo diz. E uma a uma, as palavras foram-se formando e as frases foram-se construindo...
Depois, veio o sorriso, o abraço apertado, um beijo e outro e outro, um enlaçar de mãos tão necessário como o calor de todos aqueles dias deitados na areia com a água do mar a salpicar-lhes a pele já morena de tantos dias passados ao sol. Lutas de areia tão infantis como as crianças que, ao pé deles, se enterravam até ao pescoço. Assim passam horas, dias, semanas na companhia um do outro que aos poucos se vão tornando inseparáveis quais estrelas brilhando no céu.
E lendo os olhares um do outro, vão entendendo, cada qual à sua maneira, a melhor forma de encontrar a chave para abrir o coração, de um modo tão simples como a simples forma de amar.


Falei de tudo quanto amei.;
                                De coisas que te dou;
                                                                para que tu as ames comigo; 
                                                                                           a juventude, o vento, as areias.

Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã"

domingo, 29 de agosto de 2010

Eu não sei parar de te olhar (:



''Esse teu olhar, quando encontra o meu..." <3
Tom Jobim

domingo, 22 de agosto de 2010

Gosto de ti (:

"Gosto do teu ar, do teu olhar, da tua forma de andar, das tuas mãos guardadas nas minhas, gosto de te cheirar, de te sentir, de me calar para te ouvir, de me deitar ao teu lado para dormir e depois acordar, depois espreguiçar-me e levantar, e rir e dançar e cantar e cada dia outra vez começar um novo dia a sonhar.
Gosto da tua boca certa e do teu cabelo farto, da tua voz cantada e aconchegante, dos teus beijos longos, dos teus abraços infinitos, das tuas piadas e risadas, dos teus braços à volta do meu, as duas cabeças encostadas, os ombros em paralelo, as pernas dobradas e os pés junto, gosto do teu hálito fresco e do teu sorriso aberto, da tua cabeça arejada e do teu olhar mais secreto, gosto de te ver junto ao meu peito a contar as batidas do meu coração, de sentir que estás sempre perto e sempre estarás, que vives cá dentro e mesmo na ausência, quando só te vejo com os olhos fechados e as mãos juntas em concha, sei que és perfeito, sei que voltarás, sei que estás quase a chegar, que cada minuto que passa é só mais uma etapa na minha espera, por isso espero calada e feliz, e nas letras que transformo em palavras imagino a cor e o sabor, deste amor, deixo-me levar, crescem-me asas e de repente desato a voar, a voar..."


Margarida Rebelo Pinto in As Crónicas da Margarida






     <3

sábado, 24 de julho de 2010

Mimar Você

Há um je ne sais quoi nesta musica que eu adoro (:


Caetano Veloso - Mimar Você


Te quero só pra mim
Você mora em meu coração
Não me deixe só aqui
esperando mais um verão
Te espero meu bem
Pra gente se amar de novo
Mimar você

Nas quatro estações
Relembrar
O tempo que passamos juntos
Bem bom viver
Andar de mãos dadas
Na beira da praia
Por esse momento
Eu sempre esperei.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Palavras

"O meu apego às palavras é tão grande que são elas o principio, o meio e o fim da minha existência, a única forma que alcanço para me relacionar com os outros e com o mundo. E também comigo, quando falo sozinha com os meus botões e procuro respostas e explicações para tudo"
Margarida Rebelo Pinto.

São as palavras que trocamos que nos fazem ver quem somos, que nos formam desde pequenos. Quanto já nos ensinaram as palavras? 
Há palavras doces de sabor intenso, palavras meigas que nos fazem repousar. Palavras que nos fazem navegar num mar sem fim.
Amamos com as palavras odiamos com elas assim tão pérfidas tão sujas. E há palavras que nos tocam como chuva, tão delicadas e finas.
Há palavras que nos calam e palavras que nos libertam. Tivéssemos asas e voaríamos com elas. 
São estas palavras que absorvemos, que transformam o dia a dia de cada um, é com elas que crescemos e que nos tornamos melhores ou piores ou indiferentes ou nada mesmo; que nos fazem sonhar, que nos fazem sofrer tantas vezes. 
Mas são as palavras precisas, insubstituíveis, incomparáveis, que queremos que fiquem connosco quando a noite é mais funda e desejamos adormecer depressa. 
É às palavras certas e seguras que todos nos queremos apegar.


terça-feira, 22 de junho de 2010

Fado Notário

Tão subjectiva esta letra, tão bonita (:

Eis aqui um inventário
Do meu caso com o notário
Esse tal que um dia amei
Entre arquivos e armários
Era ele o usuário
De uma coisa que eu cá sei.

E era um amor sem recibos
Sem selos nem carimbos
Que eu lhe fui solicitar
Mas o notário funcionário
Ligou o amor arbitrário
De que eu era titular.

Vi a vida no calvário
Entre tanto formulário
Modelo e declaração
Rigoroso notário
mais o seu vocabulário
contornavam a questão

Que o amor que eu lhe pedia
A lei não mo consentia
O destino também não
Só um amor a recibos
Com dois selos e um carimbo
Tinha a sua aprovação

O seu fulgor era precário
Periódico e sumário
Deixei a reclamação
Eu e um jovem estagiário
Em horário extraordinário
Ia ajudar a situação

Mas um dia vi o cenário
Estagiário e notário
Numa coisa que eu nem sei
Foi com dois selos e um carimbo
Bem acentes no focinho
Que este amor eu anulei.

Deolinda

domingo, 16 de maio de 2010

Estrelas

Não da minha autoria, mas de um amigo... José Almeida.

Estrelas, desde infinitos anos sábios e tolos as estudaram, centenas tentaram entende-las, e muitos definharam perante elas, mas tudo em vão, pois nunca decifraram porque as teriam feito os Deuses, algo tão simples e lindo.
            Mas eu, como tolo e sonhador, arrisco a resposta que o coração me ditou...
As estrelas são a fronteira entre a realidade e os sonhos, são o rosto sorridente no firmamento que todos amámos.
Parece difícil compreende-las, mas é tão simples como a sua beleza, apenas temos que as olhar com coração e alma, e elas sempre lá estarão, sorrindo para nós, fixando-nos atenciosamente...e são nelas que escrevemos e guardámos os nossos sonhos e pedaços de alma.
           Nas estrelas vagueámos, pois sempre nos fascinaram com todas as histórias que nos contam, sonhos de tolos como nós que também as amaram e nelas renderam seus sonhos e almas...
            As estrelas são assim, são a obra mais linda dos Deuses, sempre estarão bem lá em cima olhando sorridente para todos, brilhando os sonhos que nós, tolos e humildes, sempre ansiámos. Sempre as amaremos, tal inalcançável e imortal jovem beleza.

            As estrelas falam-nos, e deixam-nos sempre o mesmo beijo de adeus...

"Sê como nós, belo, sorridente e simples, e como nós sempre serás visto, recordado e amado no céu ao nosso lado"


quinta-feira, 13 de maio de 2010

Não sei.

Somos nós, com os nossos passos, que vamos fazendo o nosso próprio caminho. Há quem corra demasiado depressa e perca a alma no trajecto, há quem mude de ideias e arrisque um atalho, há quem não saiba escolher a melhor direcção quando chega a uma encruzilhada, há quem deixe pedras pelo caminho para não se perder, se precisar de voltar para trás.




Não sei que espécie de caminhante sou, para onde vou, não sei.


Margarida Rebelo Pinto



Anda-se com demasiada pressa, vive-se intensamente. A calma parece nunca fazer parte da vida. Há um rodopio de emoções, de momentos. É preciso encontrar essa alma perdida algures, essa alma que às vezes necessita de paz.
Não sei que caminhante sou, muito menos para onde vou. Mas sei uma coisa: que tentarei sempre ser feliz, porque se não o for, acreditem: ninguém o será por mim.
Disso podem ter a certeza. (:


segunda-feira, 10 de maio de 2010

Não há nada melhor do que estar apaixonado





Só porque gostei... e porque todos sabemos que é bem verdade.


"Não há nada melhor do que estar apaixonado. Nem pior. Primeiro estranha-se, depois, entranha-se. A paixão dá para tudo. Para rir e chorar, fazer confidências, namorar ao luar a beber coca-colas de lata e sentir-se mais feliz do que se se estivesse numa suite. Do trigésimo andar do Pierre em Manhattan a beber Don Perignon.

Estar apaixonado é um estado de graça e de desgraça. Tira o sono e dá speed. Rouba a fome e mata a sede. Perde-se a noção do tempo, espaço, até do ridículo. Ganha-se força, vontade, desejo e anos de vida. Estar apaixonado é investir uma fortuna que demorou anos a amealhar num negócio de alto risco. E ainda por cima fazê-lo conscientemente. Porque a paixão é melhor do que qualquer bebida, droga ou paraíso terrestre. Uma pessoa apaixonada vai onde quer porque passa de repente a desconhecer os seus limites. Vê-se sem perceber bem como a fazer coisas impensáveis."


Margarida Rebelo Pinto in As Crónicas da Margarida.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

'Os finais são horríveis..."


"Os finais são horríveis. Fica o ar vazio, deixamos de ver ao longe, de repente apagam-se as luzes e a vida fecha-se aos nossos olhos. Depois do fim, vem a pergunta fatal; e agora? Dá vontade de ir à bruxa para ter uma ideia, mas resiste-se estoicamente, até porque as fadas também se enganam.
Aproveita-se o tempo para telefonar aos velhos amigos, arrumar gavetas e deitar papéis fora, limpar a memória e deixar o coração de molho, em convalescença a carregar baterias.
Mas o pior são as despedidas. É sempre horrível dizer adeus, mesmo que seja só até logo à noite.
Quando gostamos de alguém, apetece-nos ser mosca para ficar a gravitar incógnito à volta dele, ouvirmos a sua respiração, rirmos com o seu riso e penarmos com as suas dúvidas. Sentimos a vocação falhada de anjo da guarda que não está a cumprir o horário."


Margarida Rebelo Pinto in As Crónicas da Margarida

domingo, 18 de abril de 2010

Hot Line (INEM - Bombeiros de Mafamude) - Gato Fedorento



Sei que não tem muito a ver com o que costumo publicar, mas este senhor realmente é fantástico!

À minha "irmã" Inês porque juntas 'falecemos' com este homem! : D
<3



quinta-feira, 15 de abril de 2010

Amor.


"O que eu mais gosto no amor é que, quando é a sério, cabe tudo lá dentro. A paixão, o desejo, o pulsar das almas e a serenidade dos pensamentos, a vontade de construir outra vez o mundo à imagem e semelhança do que sentimos, a paz dos regressados e a poesia das folhas brancas que cada dia esperam a doçura das palavras e a certeza das ideias.
O amor é mais do que querer, desenhar, sonhar e amar. É partilhar a vida inteira, numa entrega sem limites, como mergulhar no mar sem fundo ou voar a incalculáveis altitudes. O amor é muita coisa junta, não cabe em palavras nem em beijos, porque se leva a si mesmo por caminhos que nem ele mesmo conhece, por isso quem ama se repete sem se cansar e tudo promete quase sem pensar, porque o amor, quando é a sério, sai-nos por todos os poros, até quando estamos calados ou a dormir." 

Margarida Rebelo Pinto in As Crónicas da Margarida



Desde então que nunca mais foi assim... desapareceste pelos recatados recantos das ruelas, vagabundeaste por aí como um simples sem-abrigo... O amor deixou de ser muita coisa junta, passou a ser pouco, e nada às vezes. Dantes tudo te saía pela boca como o orvalho fresco da manhã... Mas desde então evaporaste, deixaste de compreender e de querer ser compreendido... de dar cor às folhas brancas com a tua poesia que, ainda simples, me escrevias. Nunca mais coube nada aí dentro. 

Cansaste de desenhar o Futuro. E eu cansei de sonhar.







quarta-feira, 14 de abril de 2010

'e deixava a vida fluir..."


"E deixava a vida fluir, esquecia-me dos teus defeitos e tu dos meus e com o tempo aprenderíamos a viver um com o outro sem nos cansarmos, sem nos magoarmos, sem sombras nem equívocos."
Se eu pudesse, levava-te agora para casa, sentavámo-nos a lareira a conversar explicava-te porque é que um dia reparei que existias e sem querer me esqueci do meu coração entre os teus dedos.
Se eu pudesse...mas não posso, porque ninguém caminha sozinho, uma ponte só se constrói se as duas margens deixarem e o rio só corre se a corrente o empurrar. E eu não sou mais que uma gota de água nesse rio parado, uma peça perdida de uma ponte desmantelada, um mapa riscado que se esqueceu de todos os caminhos, uma folha em branco que perdeu a caneta, um estandarte sem bandeira, uma voz sem som, uma mão sem a outra. Falta-me a tua voz, o teu desejo, o teu querer, o teu poder. Falta-me uma parte de mim que te dei e que agora já não podes devolver.
Um dia havemos de nos entender."


Margarida Rebelo Pinto in As Crónicas da Margarida

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Para a minha 'irmã'



"Olho para ti e vejo em muitas coisas a mulher que também sou. Mas também vejo um escudo que me protege do mundo, uma voz sempre afável e disponível, um sorriso aberto e franco, uma mão pronta a dar, um ombro preparado a receber as minhas lágrimas e tristezas. És um pilar, mesmo quando te sentes fraca e vulnerável, és um ponto de equilíbrio que me faz atravessar o arame sem medo porque sei que estás do outro lado com a mão estendida à minha espera.

És linda 'I', pareces uma princesa da Flandres e como todas as mulheres excepcionalmente belas, achas sempre que estás feia ou que podias estar muito melhor. Mas eu vejo-te assim, perfeita, quase a voar quando caminhas, como se a terra te projecta-se no ar, leve como uma pena, a pairar, a pairar... Ensinas-me coisas tão diferentes como escolher os ténis que estão na moda ou aprender a ouvir as batidas do meu próprio coração. Ou então gastas o teu tempo comigo sem nunca me fazer sentir que o estás a perder e ouves-me vezes sem conta a contar a mesma história como se fosse sempre a primeira."




Margarida Rebelo Pinto

segunda-feira, 5 de abril de 2010



´Amei-te de uma forma desajeitada, arrebatadora e incondicional, sempre querendo e desejando o melhor por ti. O melhor só tu mesmo poderás encontrar e hoje estou certa que não passa por mim.



Não é a dor da rejeição que me massacra, é a dor de saber que nada poderá sobrar deste amor. Que a amizade não tem espaço nem voz entre duas pessoas que desconfiam uma da outra com a facilidade de um inquisidor contratado a soldo.´

Margarida Rebelo Pinto in Não há coincidências.


-

domingo, 21 de março de 2010

Un jour : )

Um dia serei grande.
Aprenderei o canto das aves,
e voarei com elas.


Um dia vou saber distinguir
o certo do errado
o bom o mau,
a ironia do destino.


Um dia, vou escutar a voz da consciência
vou deixá-la falar
e não dar razão ao coração.


No dia em que for grande
terei atenção ao que me dizem,
aos gestos que me fazem,
aos olhares enternecidos.


Um dia, vou olhar à minha volta
vou ver que o que passou
não passa disso mesmo:
de um passado.


Um dia vou sorrir para tudo o que foi
Vou sorrir para tudo o que é
Vou sorrir para o que virá e o que será.


Um dia, eu serei forte
para aguentar mágoas,
para enfrentar desafios
para vencer barreiras.


Um dia quero não olhar para trás
Não quero passados mas futuros
Não quero recordações mas sonhos.


Por enquanto
tento apenas
ser feliz.

sexta-feira, 12 de março de 2010

EU por TI

Eu por ti
acertaria o meu passo ao teu caminhar.
Eu por ti,
o teu problema arcaria sobre mim
e abraçaria o horizonte
que trazes dentro do teu olhar.

Eu por ti,
buscar-te-ia no mar da tua solidão.
Eu por ti,
te encontraria no grito dos teus porquês,
não pensando às minhas decisões
e aos meus critérios se falas tu.

Eu por ti,
palpitaria pelos teus desejos.
Eu por ti,
daria voz às tuas mil razões.
Eu por ti, eu por ti,
perder-me-ia no teu pranto,
cantaria o teu próprio canto,
que esta força em mim,
deixaria a ti primeiro
colher a flor do meu jardim.

Eu por ti,
faria ecoar no meu peito a voz da tua dor.
Eu por ti,
suportaria a tua fragilidade
e ancorar-te-ia à minha mão
se fosses arrastado na maré...

Eu por ti,
faria minha a angústia que vive em ti.
Eu por ti,
entregaria os meus trunfos à tua mão;
e por ti sentiria a saudade
pelo fragor da terra que deixaste...

Eu por ti,
palpitaria pelos teus desejos.
Eu por ti,
daria voz às tuas mil razões.
Eu por ti, eu por ti,
seria o eco do teu canto,
na apatia e na alegria,
que esta força em mim,
deixaria a ti primeiro
colher a flor do meu jardim.

Música: Movimento dos Focolares
Letra: Movimento dos Focolares

quarta-feira, 3 de março de 2010

Com você me sinto bem : )

Este é o poema do amor.

Obrigada Inês por contribuires para a riqueza deste espacinho que tem tanto de mim <3



O poema que o poeta propositadamente escreveu

só para falar de amor,

de amor,

de amor,

de amor,

para repetir muitas vezes amor,

amor,

amor,

amor.

Para que um dia, quando o Cérebro Electrónico

contar as palavras que o poeta escreveu,

tantos que,

tantos se,

tantos lhe,

tantos tu,

tantos ela,

tantos eu,

conclua que a palavra que o poeta mais vezes escreveu

foi amor,

amor,

amor.

  Este é o poema do amor.

António Gedeão

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Quem sabe um dia...

Não fora um simples encontro. 
Encontrara-o num dia especial. Aos olhos dela, as palavras eram como um pássaro com vontade de voar. Ele retribui-lhe o sorriso mas não o de sempre. Pudera. Um pouco diferente, olhar incerto, palavra firme. Ela falou-lhe, de um falar tímido como se fora a primeira vez que o via, como se nunca tivessem tido coisa alguma, num passado tanto dele como dela. Apostava que ele pensava o mesmo que ela, e no entanto nem uma palavra sobre o assunto. Parecera-lhe que tinha já o assunto encerrado, fechado numa gaveta de madeira poeirenta, daquelas que se guardam as roupas que já não servem, onde todas as cartas que lhe escrevera começavam a ter uma cor amarelada de velhice. E no entanto, apenas uns meses tinham passado. Para ela uma eternidade, ou talvez não. Já estava habituada a estas coisas de esperar. Paciência era uma palavra abundante no seu coração. Feliz por o ver, embora com a certeza que o sentimento não era recíproco... ou pelo menos não tão recíproco. Talvez tenha sido o passado inútil como um trapo  ou talvez não, haviam aprendido imensa coisa... Quem sabe um dia... ou talvez não. Porta cerrada, uma vontade de entrar... Mas não.



sábado, 13 de fevereiro de 2010

E quando a inspiração não vem, e já vai longe o dia da última publicação, recorro a poemas feitos, palavras (in)certas, de poetas que mudam toda uma vida.


É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!

Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;

As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo



Fernando Pessoa

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Viagem

Acordei de manhã
Antes do sol nascer.
Queria sentir ainda
O perfume da madrugada
E sentar-me numa cadeira... quem sabe?
No jardim, e olhar o céu
Que se torna a pouco e pouco azul
Um azul que é tão nosso,
Que é tão teu...
Pois não é esta cor sinal de harmonia e paz?
Enfim, um raio de sol que aparece
Para dar luz a um novo dia
Um dia lindo,
Sem núvens nem vento
Só a brisa a acompanhar o pensamento...
Quem sabe não faço uma visita?
Rápido! É preciso tomar duche
É preciso pegar na mala e.... correr?
Sim! Depressa, depresa e parar onde?
Não importa, apenas esta brisa que nos bate na cara
Nos acompanha
E nos faz sentir bem, soltos, livres!
Mas é preciso chegar ao local!
Autocarro e depois... quem sabe?
Um comboio... Sim!
Não há tempo a perder!
Destino?
O que chegar a ti,
É esse que preciso.
Apanho-o e espero desesperadamente
E descanso horas a fio
Na prespectiva de um encontro
Que não passará de algum tempo
Mas isso não importa!
Importa sim chegar!
É na próxima... é aqui!
Saio, e logo a tua figura inconfundível
Se destaca no meio da multidão...
Caminhas para mim,
Caminho para ti,
E... quando penso que te alcancei
‘Acordo’, e vejo que nada tinha sido
Senão um sonho,
Um sonho lindo na verdade mas...
Um sonho.                                                                            

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Súplica

O primeiro de Miguel Torga 

Agora que o silêncio é um mar sem ondas, 
E que nele posso navegar sem rumo, 
Não respondas 
Às urgentes perguntas 
Que te fiz. 
Deixa-me ser feliz 
Assim, 
Já tão longe de ti como de mim. 
Perde-se a vida a desejá-la tanto. 
Só soubemos sofrer, enquanto 
O nosso amor 
Durou. 
Mas o tempo passou, 
Há calmaria... 
Não perturbes a paz que me foi dada. 
Ouvir de novo a tua voz seria 
Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga

Fuga


Vasculhou na gaveta.
Procurou mais fundo.
E não encontrou.


Fugira-lhe
escapara entre as mãos
sem que pudesse dizer mais nada.
Nem uma palavra.
Nem um murmúrio.


Apenas o silêncio
o olhar,
de quem pede para ficar
mas não o diz.


Foi assim
e pareceu-lhe não ter ficado nada
nenhuma memória
de dias em que juntos
vagueavam e trocavam palavras,
ainda que vagas,
cheias de amor.


Mas foi.


Ficou a olhar para o chão,
orgulho ferido,
ferida aberta.


Fechou a gaveta.
Tristeza insana.
Alma perdida.